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O caminho das minas

Cadeia produtiva da mineração abre oportunidades de negócios para pequenas e médias empresas, com foco nas cidades de influência direta e indireta dos empreendimentos

As empresas que prestam serviços de obras civis, instalação e montagem eletromecânica de grande porte e movimentação em minas (só para citar as principais categorias) estão faturando alto com os grandes projetos de mineração em Minas Gerais. Esses serviços estão entre os mais demandados nas áreas operacionais de grandes mineradoras – principalmente nas regiões de Itabira e Conceição do Mato Dentro.

O estado concentra as maiores minas brasileiras, segundo um ranking da revista Minério e Minerales. Só no ano passado, Minas recebeu os dez maiores investimentos do país, somando cerca de R$ 100 milhões. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), mais de 160 milhões de toneladas de minério são extraídas das jazidas mineiras por ano, o que representa 53% de todo mineral metálico produzido no Brasil.

Para garantir essa produção expressiva, o setor movimenta bilhões de reais anualmente e gera incontáveis oportunidades para quem tem visão de mercado e está sempre atualizado. E nem precisa ser dono de uma empresa grande; as pequenas e médias (PMEs) também garantem fatia desse mercado, ao identificarem o que os contratados ou subcontratados das grandes companhias precisam. Na lista de suprimentos entram alimentação, uniformes, locação de equipamentos, treinamento, sinalização de mina e uma infinidade de outras atividades.

Somente no primeiro semestre de 2013, a Vale, maior mineradora de minério de ferro do mundo, desembolsou mais de R$ 5 bilhões em aquisições de produtos e serviços de fornecedores mineiros. As compras, feitas de janeiro a junho, foram, em média, 10% mais que no mesmo período de 2012. Do total de compras feitas no estado, cerca de 40% correspondem a dez principais tipos de produtos e serviços, entre eles: serviços de obras civis, movimentação em minas, instalação e montagem eletromecânica, locomotivas, obras de drenagem, diesel e combustíveis gasosos.

As categorias que mais cresceram são as de obras civis (27,36%), serviço de instalação e montagem eletromecânica de grande porte (294,86%) e serviço de movimentação em minas (47,34%). Em Itabira, no projeto Conceição Itabiritos, duas grandes empreiteiras foram responsáveis pela obra: Barbosa Mello (obras civis) e Enesa Engenharia (montagem eletromecânica), que abriram oportunidades para várias outras empresas da cidade e região – além das oportunidades de trabalho.

As obras do projeto Conceição Itabiritos começaram em 2010 e empregaram cerca de 14 mil trabalhadores desde então. A previsão é de que o projeto seja concluído no final deste ano. Segundo a empresa, até meados de 2013 cerca de R$ 350 milhões foram contratados pela Vale e suas empreiteiras, só na região de Itabira. As compras dão suporte tanto aos empreendimentos em implantação, quanto aos complexos minerários em atividade.

Nos mesmos moldes do Conceição Itabiritos, a usina do Cauê, uma das mais antigas da Vale, também receberá investimentos. O objetivo é adequar a usina já existente e construir uma nova para beneficiar o itabirito compacto. Os dois projetos somam cerca de R$ 7 bilhões de investimentos em Itabira, um dos maiores da empresa no estado. O projeto Cauê está na etapa de retirada de interferências e obras civis para as quais foram definidas as empresas envolvidas. A empreiteira responsável pela montagem eletromecânica é a Usiminas Mecânica, que já está na cidade. As operações, segundo previsões iniciais, devem começar no segundo semestre de 2015.

A Anglo American, outra gigante da mineração, também prioriza fornecedores locais. A mineradora contratou na região do projeto Minas-Rio mais de R$ 120 milhões em 2012, considerando os 35 municípios das áreas de influência do projeto. No primeiro semestre de 2013, esse valor foi superior a R$ 46 milhões, o equivalente a 44% do Produto Interno Bruto (PIB) de Conceição do Mato Dentro.

Desde maio de 2012, 103 empresas participaram de concorrência para integrar a cadeia de fornecimento da Anglo American e 26 venceram os processos licitatórios. As compras locais, de acordo com a empresa, são de “importância estratégica”, cujo objetivo é capacitar o acesso de empresas locais para oportunidades da rede de fornecimento que surgem a partir de projetos e operações diversas.

Desenvolvimento de fornecedores
Em um ambiente de cifras bilionárias, a concorrência nem sempre é justa com as empresas de pequeno e médio porte, que às vezes ficam em desvantagem devido a sistemas complexos de aquisição das grandes companhias. Como parte de uma política de boa vizinhança, as mineradoras desenvolvem os programas de desenvolvimento de fornecedores, cujo princípio é reduzir as barreiras de participação, simplificar os processos e ajudar os pequenos a se prepararem.

Na Anglo American, essa iniciativa tem o nome de Programa de Desenvolvimento de Fornecedores Locais (Promova). São beneficiadas principalmente empresas de Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas, Dom Joaquim e Serro – municípios dentro da área de influência direta e indireta do projeto Minas-Rio. O programa foi criado para fomentar o desenvolvimento local e construir uma cadeia de suprimentos competitiva, permitindo às empresas menores uma participação significativa no montante gasto pela Anglo American na aquisição de bens e serviços para a implantação do projeto.

O Promova atua em quatro frentes: desenvolvimento de negócios, financiamento, capacitação profissional e comunicação e divulgação. A frente de desenvolvimento de negócios busca inserir as empresas locais na cadeia de suprimentos e aproximá-las das grandes empresas compradoras.

O financiamento está voltado à viabilização de linhas de crédito disponíveis no mercado para os empreendedores locais e a obtenção de taxas mais competitivas. Para isso, são desenvolvidas parcerias com instituições financeiras que oferecem condições atrativas de financiamento.

A capacitação prevê a preparação tanto de profissionais quanto gestores das empresas locais por meio de cursos de capacitação, visando responder às demandas exigidas pelo mercado. No que diz respeito à frente de comunicação e divulgação, a ideia é manter os empreendedores locais e a comunidade informados sobre o programa e as oportunidades oferecidas.

A Anglo American realizou um diagnóstico em 2012 com 176 empresas locais de quatro municípios, distribuídos em 20 categorias. Além disso, por meio do Modelo de Geração de Emprego (MGE) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi identificado um potencial de geração de cerca de 8 mil empregos na região do Médio Espinhaço até 2015, resultante dos investimentos na mineração.

Na Vale, o programa de desenvolvimento de fornecedores chama-se Inove. Criado em 2008, a intenção da empresa é oferecer aos prestadores de serviços capacitação, soluções financeiras e incentivo à realização de negócios. Com isso, a própria Vale também ganha, ao fortalecer sua cadeia de suprimentos. O Inove conta com linhas de crédito com taxas melhores que as oferecidas no mercado, facilidades na aquisição de produtos e serviços e cursos de qualificação com baixo custo para os fornecedores.

Desde o início do programa foram liberados mais de R$ 1,68 bilhão em financiamentos (por meio de empréstimos e antecipação de notas fiscais), em parceria com instituições financeiras destinados a cerca de 600 empresas fornecedoras. Desse montante, cerca de R$ 400 milhões foram liberados para empresas mineiras.

Como se preparar
Prestar serviço na área da mineração não é fácil. A empresa candidata precisa ter qualidade e estrutura para atender às exigências das contratantes (que são muitas) e ter os processos bem organizados e alinhados para conquistar um contrato. “É dispendioso, mas vale a pena investir para atender ao cliente corporativo”, diz José Sana Júnior, da WS Impressão Digital – empresa que tem contratos com mineradoras e empreiteiras em Itabira e Conceição do Mato Dentro.

De acordo com o empresário, as principais exigências são, principalmente, em relação a saúde e segurança. “A partir do momento que um funcionário meu entra dentro da área da Vale, é como se fosse funcionário dela”, ressalta. Todos os treinamentos necessários a um empregado da mineradora – principalmente os RACs (Requisitos de Atividades Críticas) –, o funcionário da contratada também precisa ter. “Os veículos que transitam dentro da área também precisam ser novos e ser equipados com airbags e freios ABS”, destaca.

Antes de fechar o contrato, é comum a empresa candidata passar por vários testes. São avaliados faturamento, estrutura física, equipe (formação, experiência) e ouvidas outras empresas como referência. Se passar no teste, a fornecedora precisa apresentar relatórios gerenciais completos dos serviços prestados e fazer isso com muita eficiência, senão perde em competitividade.

Competitividade, inclusive, é um termo muito usado em reuniões de empresas como a Vale e seus fornecedores. De acordo com Cristiane Lage, diretora de planejamento da Insight Consultoria Empresarial, além de conquistar o contrato (ela presta serviço para a Vale há três anos) é preciso trabalhar muito para mantê-lo. “Para fornecer ou continuar fornecendo, é muito importante a gente ser extremamente organizado. É preciso dar evidência de tudo”, afirma. A fornecedora só recebe pelo serviço prestado mediante as chamadas medições, que são relatórios detalhados de todo o trabalho realizado em determinado tempo.

No caso da Insight, que trabalha com treinamento, recrutamento e seleção de pessoas, o programa que privilegia fornecedores locais foi providencial. Segundo Cristiane, empresas de fora sempre fizeram o trabalho que sua agência faz hoje, de gerenciar, por exemplo, o Programa de Formação para o Mercado de Trabalho (PPMT). “Como estávamos preparados e conhecemos a realidade do município, conseguimos gerir esse projeto”, conta.

Em um ambiente globalizado, as grandes corporações tendem cada vez mais terceirizar suas atividades secundárias para concentrar-se na atividade principal. Para quem se especializa em atender a esse mercado que movimenta bilhões, contudo, a diversificação é fundamental. Vai que uma crise atinge o setor.

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